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Questões complexas: Como funciona o programa de verificação de fatos do Facebook?

Por Tessa Lyons, Gerente de Produto

Notícias falsas são fonte de dinheiro para spammers e podem ser uma arma para manipulação online em todo o mundo. O tema tem trazido importantes questões para a sociedade e novas responsabilidades para empresas como o Facebook.

A desinformação é ruim para a nossa comunidade e ruim para o nosso negócio. Por isso, estamos investindo muito tempo e recursos para combatê-la. Como expliquei em um texto recente, nossa estratégia tem três pilares:

Uma parte de nossa estratégia sobre a qual somos perguntados com frequência é nossa parceria com organizações de verificação de fatos. Elas nos ajudam a identificar notícias falsas, então podemos reduzir sua disseminação no Facebook. De maneira geral, estamos vendo progresso e temos aprendido muito. Este ano, nós expandimos nosso programa de verificação de fatos para mais países, e nossos parceiros começaram a revisar fotos e vídeos, e não apenas links. Também estamos avaliando como ser mais transparentes sobre esses esforços e estamos trabalhando com pesquisadores externos para mensurar os resultados.

O programa de verificação de fatos é uma parte da nossa estratégia e não seremos capazes de resolver o problema da desinformação apenas com a ajuda de agências de checagem. De todo modo, eu gostaria de compartilhar mais sobre nosso trabalho e os desafios que temos à frente.

Como funciona a verificação de fatos por terceiros
Iniciamos o programa de verificação de fatos em dezembro de 2016. Agora, temos 25 parceiros em 14 países, muitos deles com eleições recentes ou por vir. Nossos parceiros são independentes e certificados pela organização apartidária International Fact-Checking Network. Quando os verificadores de fatos classificam uma notícia como falsa, nós reduzimos o alcance orgânico do conteúdo no Feed de Notícias, para que menos pessoas os vejam. Isso ajuda a diminuir as visualizações futuras, em média, em mais de 80%.

A ferramenta funciona assim:

Os limites da verificação de fatos
Nos últimos 18 meses, temos visto bom progresso do nosso programa de verificação de fatos, mas também estamos cientes dos seus limites. Verificadores de fatos não existem em todos os países, e diferentes regiões têm diferentes padrões de jornalismo e níveis variados de liberdade de imprensa. Mesmo onde as organizações de checagem de fatos existem, não há em quantidade suficiente para revisar todas as possíveis notícias falsas online. Pode levar horas ou até dias para se revisar uma possível notícia falsa. E a maioria das alegações não se limitam a um link – as notícias falsas se espalham para outros sites. Para progredir realmente, precisamos seguir melhorando com o uso de aprendizado de máquinas (machine learning) e utilizar outras táticas que possam funcionar globalmente.

Há outros desafios também, por exemplo como tratar a opinião e a sátira. Acreditamos fortemente que as pessoas devem ser capazes de debater ideias diferentes, mesmo sobre temas controversos. Também reconhecemos que pode haver uma linha tênue entre desinformação e sátira ou opinião. Por exemplo, às vezes as pessoas tentam chamar seus sites de “sátira” para disfarçar sua verdadeira motivação de espalhar desinformação. Isso pode tornar mais difícil para os verificadores de fatos avaliar se um texto deve ser classificado como falso ou não.

Outra questão é o que fazer quando um veículo de imprensa quer contestar uma classificação de notícia – especialmente depois que essa notícia já atingiu muitas pessoas. Permitimos que os veículos de imprensa entrem em contato com os verificadores de fatos para contestar sua classificação ou oferecer uma correção para restaurar a distribuição daquele conteúdo no Feed de Notícias. Se um verificador aceita a correção ou modifica a classificação, nós iremos restaurar a distribuição do conteúdo. Nosso objetivo é prevenir o uso de brechas para pessoas mal intencionadas sem criar punições severas demais para publicações estabelecidas que às vezes cometem erros.

Finalmente, é importante que as pessoas confiem nos verificadores de fatos fazendo as checagens. Mesmo trabalhando com a International Fact-Checking Network para aprovar todos os nossos parceiros e ter certeza de que eles têm rigorosos padrões de precisão, imparcialidade e transparência, enfrentamos acusações de viés em diferentes localidades. O que faz com que algumas pessoas perguntem: é possível, no mundo de hoje, ter verificadores de fatos que sejam amplamente reconhecidos como sendo objetivos?

Nós também fizemos algumas mudanças sobre como informamos as pessoas a respeito de uma notícia que foi marcada como falsa, para que elas tenham mais informações e tirem suas próprias conclusões.

Para nós está claro que, mesmo que sigamos aperfeiçoando este programa, precisamos de soluções que vão além dos verificadores de fatos. É por isso que também estamos trabalhando na remoção de contas falsas, que muitas vezes são responsáveis pela desinformação. E à medida que dificultamos a disseminação de notícias falsas e impedimos que sites maliciosos e Páginas usem nossas ferramentas para ganhar dinheiro, vamos dificultar os modelos de negócios que incentivam algumas pessoas a compartilhar notícias falsas. Também continuamos a investir em projetos de news literacy para ajudar as pessoas a avaliar melhor as notícias que veem no Facebook. É por meio da combinação de todas essas coisas – e colaborando com outras empresas e organizações – que seremos capazes de continuar a progredir no combate a notícias falsas.