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Estudos inovadores podem nos ajudar a responder às perguntas mais difíceis sobre redes sociais e democracia

Por Nick Clegg, Presidente de Assuntos Globais da Meta

Destaques

  • As revistas acadêmicas Science e Nature publicaram quatro artigos de referência para compreender melhor o impacto do Facebook e do Instagram nas principais atitudes e comportamentos políticos durante o período eleitoral de 2020 nos EUA.
  • Esses estudos se somam a um corpo de pesquisa crescente, mostrando que há poucas evidências de que as redes sociais causem polarização “afetiva” prejudicial, ou tenham qualquer impacto significativo em atitudes, crenças ou comportamentos políticos importantes.
  • Os artigos marcam a primeira vez que a Meta, ou qualquer outra empresa de tecnologia, se abre de forma tão transparente para uma análise acadêmica abrangente e revisada por pares sobre seu impacto durante uma eleição.

À medida que as plataformas de rede social possibilitaram às pessoas se conectarem umas com as outras, se expressarem livremente e construírem e fazerem parte de comunidades sem fronteiras, o debate político online entrou em erupção. Plataformas como o Facebook e o Instagram se tornaram um palco do debate democrático – entre cidadãos, candidatos e eleitores, e para ativistas e grupos de advocacy. Muito disso é positivo – embora estridente, bagunçado e, muitas vezes, intenso. 

Mas, com essas tecnologias sendo tão novas e seu surgimento ocorrendo durante um período de profunda e ampla disrupção econômica, política e tecnológica, nossa compreensão do papel das redes sociais na sociedade ainda é imperfeita e incompleta. Estamos diante de uma série de questões importantes para as quais ainda não há respostas definitivas com base em evidências empíricas claras. As redes sociais nos tornam mais polarizados como sociedade ou apenas refletem divisões que já existem? Ajudam as pessoas a se informarem melhor sobre política, ou menos? Como isso afeta as atitudes das pessoas em relação aos governos e à democracia?

Hoje temos novas evidências para nos ajudar a responder a algumas dessas perguntas. Antes da eleição presidencial dos EUA, em 2020, houve uma oportunidade de criar uma base de evidências para que os pesquisadores pudessem se aprofundar nessas e em outras questões, bem como uma forte demanda dos acadêmicos para realizar estudos. Esse foi o impulso por trás de uma parceria de pesquisa sem precedentes entre a Meta e acadêmicos externos para entender melhor o impacto do Facebook e do Instagram nas principais atitudes e comportamentos políticos durante esse período eleitoral. O resultado disso foi uma série de estudos, dos quais os quatro primeiros estão sendo publicados hoje. A intenção é que mais artigos – 16 no total – sejam publicados no futuro. 

Os artigos publicados hoje contemplam estudos sobre os efeitos da classificação algorítmica e da viralidade, a prevalência e os efeitos da exposição de informações semelhantes no Facebook e a segregação ideológica na exposição a notícias.. Embora as perguntas sobre o impacto das redes sociais nas principais atitudes, crenças e comportamentos políticos não estejam totalmente solucionadas, as descobertas desses experimentos se somam a um corpo de pesquisa crescente que mostra que há poucas evidências de que os principais recursos das plataformas da Meta, sozinhos, causem polarização ‘afetiva’ prejudicial ou tenham efeitos significativos sobre esses resultados. Eles também contestam a afirmação comum de que a capacidade de compartilhamento de conteúdo nas redes sociais impulsione a polarização.

Por exemplo, o resumo de um artigo da revista Nature afirma que as descobertas “desafiam as visões sobre até que ponto as ‘câmaras de eco’ das redes sociais impulsionam a polarização política”. Além disso, os co-líderes da pesquisa afirmaram que “o conteúdo compartilhado no Facebook surtiu uma diminuição no conhecimento de notícias entre os participantes do estudo e não afetou significativamente a polarização política ou outras atitudes individuais de teor político”.

Uma nova perspectiva também é lançada sobre a declaração tão difundida de que as redes sociais – e os algoritmos da Meta, especificamente – apresentam às pessoas um conteúdo que as mantém divididas e, portanto, as polariza. Um dos artigos mostra que há uma segregação ideológica considerável no consumo de notícias políticas, refletindo uma interação  complexa entre fatores algorítmicos e sociais. Apesar disso, quando os participantes do experimento viam uma quantidade reduzida de conteúdo de fontes que reforçassem seus pontos de vista, eles eram realmente mais propensos a se envolver com o conteúdo que viam. E, mesmo assim, não houve impacto detectável na polarização, atitudes  ou crenças políticas.

Michael Wagner, professor da Universidade de Wisconsin, acompanhou todo o processo de pesquisa para documentar e comentar publicamente o desenvolvimento do estudo como um observador independente. E, conforme Dr. Wagner descreve em sua introdução aos artigos, as mudanças no que os usuários viram em seus feeds ou se encontraram conteúdo compartilhado “não reduziram a polarização ou melhoraram o conhecimento político durante a eleição americana

Continuaremos a analisar esses artigos na íntegra, bem como aqueles que esperamos que sejam publicados nos próximos meses.  

Esta é a primeira vez que a Meta, ou qualquer outra empresa de tecnologia, firma uma parceria desse tipo para estudar, de forma transparente, seu impacto nas eleições. Os pesquisadores externos tinham total independência operacional e intelectual durante o processo. Eles não foram pagos pela Meta e também não responderam para nós. Firmamos com eles os mesmos contratos que assinamos com outros pesquisadores independentes que usam nossos dados, que são divulgados publicamente no site da Social Science One.

O projeto US 2020 é uma parceria entre pesquisadores da Meta e acadêmicos externos liderados pela professora Talia Jomini Stroud, fundadora e atual diretora do Centro de Engajamento de Mídia da Universidade do Texas, em Austin, e pelo professor Joshua A. Tucker, co-diretor do Centro de Redes Sociais e Política na Universidade de Nova York. Os professores Stroud e Tucker selecionaram 15 pesquisadores adicionais para colaborar neste esforço, com base em seus conhecimentos. Os pesquisadores internos da Meta desenharam os estudos em conjunto com esses parceiros externos. É importante ressaltar que nem os pesquisadores da Meta nem  a empresa como um todo têm autoridade para restringir os achados – independentemente de serem favoráveis, ou não, para a empresa. 

Conforme explicado por quatro dos principais pesquisadores neste texto, o intuito do projeto quando foi anunciado era de superar dois grandes obstáculos que impediram pesquisas prévias sobre essas questões. Em primeiro lugar, que “a crescente preocupação pública e as obrigações legais relacionadas à privacidade de dados levaram as empresas de redes sociais a restringir o acesso a dados usados anteriormente por pesquisadores externos”. E, em segundo lugar, que “é difícil realizar um estudo científico rigoroso sobre o impacto das redes sociais após o ocorrido”.

Para endereçar  essas questões, os dados foram coletados durante o período eleitoral – e não depois – e solicitamos o consentimento explícito e notificamos aqueles que optaram por fazer parte da pesquisa que analisa dados individuais. Isso significa que os participantes da pesquisa consentiram tanto com o uso de seus dados quanto com informações sobre como e por que seus dados seriam utilizados. Além disso, como parte dos estudos, os pesquisadores também analisaram dados agregados de usuários no Facebook e no Instagram para ajudá-los a entender os padrões. Os estudos – e a linguagem de consentimento – também foram revisados e aprovados por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) para garantir que seguissem altos padrões éticos.

Os resultados foram apresentados abertamente em periódicos acadêmicos, o que significa que estarão disponíveis gratuitamente ao público. A Meta e os pesquisadores também documentaram planos de estudo e hipóteses com antecedência por meio de um processo de pré-registro e esses compromissos iniciais serão lançados após a publicação dos estudos. Isso significa que as pessoas poderão verificar se fizemos o que dissemos que faríamos – e que não escondemos nenhum dos resultados. Além disso, para executar suas próprias análises e verificar melhor o nosso dever de casa, planejamos fornecer dados não identificados (ou seja, dados que não podem ser vinculados a um indivíduo) nos estudos que realizamos. Esses dados fundamentais serão arquivados pelo Consórcio Interuniversitário de Pesquisa Política e Social (ICPSR), parte do Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan, onde estarão disponíveis para que outros pesquisadores executem suas próprias análises e verifiquem a validade dos resultados. 

No ano passado, os produtos de transparência da Meta foram usados para aprofundar pesquisas acadêmicas sobre eleições, polarização, violência digital, desinformação e questões sociais urgentes em dezenas de publicações. Recentemente, anunciamos que os pesquisadores podem solicitar acesso às versões beta de um novo conjunto de ferramentas de pesquisa: a Meta Content Library e a API. A Biblioteca inclui dados de publicações, páginas, grupos e eventos públicos no Facebook. Para o Instagram, incluirá postagens públicas e dados de contas de criadores e empresas. Os dados da Biblioteca podem ser pesquisados, explorados e filtrados em uma interface gráfica do usuário ou por meio de uma API programática.

A pesquisa publicada nesses artigos não resolverá todos os debates sobre redes sociais e democracia, mas esperamos e torcemos para que ela avance a compreensão da sociedade sobre essas questões. Suas descobertas serão extremamente valiosas para nós, e esperamos que também ajudem os políticos a definir as regras do uso da internet – para o benefício de nossa democracia e da sociedade como um todo.


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