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Propostas para impor taxas de rede são baseadas em uma premissa falsa

Destaques

  • As propostas de taxas de rede não reconhecem que nossos investimentos em conteúdo orientam o modelo de negócios das operadoras de telecomunicações.
  • Nós e outros não vemos nenhuma evidência confiável de uma lacuna de investimento na capacidade da rede fixa ou na cobertura móvel.
  • A Meta está investindo para construir uma internet mais confiável e eficiente. Estamos abertos ao trabalho com operadoras de telecomunicações para atingir esse objetivo – mas isso deve ser baseado em evidências.

Nós reconhecemos os desafios financeiros que as operadoras de telecomunicações europeias enfrentam neste momento após décadas de forte desempenho. No entanto, as propostas de algumas operadoras de telecomunicações europeias para impor taxas de rede aos Provedores de Aplicativos de Conteúdo (Content Application Providers – CAPs, em Inglês), como a Meta, não são a solução. As propostas de taxas de rede são construídas sobre uma falsa premissa porque não reconhecem o valor que os CAPs criam para o ecossistema digital, nem os investimentos que fazemos na infraestrutura que o sustenta.

Operadoras de telecomunicações e CAPs são negócios simbióticos, ocupando papéis diferentes mas complementares no ecossistema digital. Todos os anos, a Meta investe dezenas de bilhões de euros em nossos aplicativos e plataformas – como Facebook, Instagram e Quest – para facilitar a hospedagem de conteúdo. Bilhões de pessoas acessam a Web todos os dias para acessar esse conteúdo, criando a demanda que permite às operadoras de telecomunicações cobrar pelo acesso à Internet. Nosso investimento em conteúdo literalmente impulsiona a receita e o modelo de negócios das operadoras de telecomunicações.

Mas há muito mais do que isso. Na Meta, também investimos para construir e melhorar de forma sustentável a infraestrutura complementar para tornar o ecossistema da Internet mais confiável e eficiente. Na última década, os CAPs investiram coletivamente mais de US$880 bilhões em infraestrutura digital global, incluindo cerca de US$120 bilhões por ano de 2018 a 2021. Essas contribuições de infraestrutura feitas por empresas de tecnologia geraram economias de cerca de US$6 bilhões para as operadoras de telecomunicações por ano.

Desde 2017, a Meta sozinha investiu mais de US$100 bilhões em ativos fixos e despesas operacionais recorrentes em infraestrutura digital global, incluindo bilhões de euros na Europa. E, em 2022, investimos mais de US$30 bilhões globalmente em infraestrutura digital, com uma relação entre ativos fixos e receita em linha ou superior a das principais operadoras de telecomunicações europeias.

Por meio de nosso investimento com parceiros em cabos submarinos como Marea, Havfrue, Havhingsten e Amitie, a capacidade transatlântica aumentou cerca de quatro vezes desde 2016. Esses investimentos, combinados com outras inovações técnicas lideradas pela Meta, alimentaram um crescimento significativo da demanda por serviços de dados de telecomunicações. Enquanto isso, o custo por bit despencou e estimamos que seja menos de um quarto do que era há cinco anos.

Mais capacidade a um custo menor beneficiou pessoas e empresas em ambos os lados do Atlântico. Por exemplo, desde 2019, o cabo Marea contribuiu com aproximadamente US$18 bilhões por ano para a economia da Europa – e isso aumentará à medida que outros cabos entrarem em operação em 2024 e 2027.

Também fomos pioneiros em investimentos vitais em redes conectando a Europa à África, Oriente Médio e Sul da Ásia por meio de projetos de cabos submarinos de referência, incluindo 2Africa e 2Africa Pearls. Para oferecê-los, estabelecemos parcerias com diversas operadoras de telecomunicações, incluindo Vodafone e Orange. Além disso, a Meta é um grande cliente da indústria europeia de telecomunicações. Desde 2018, investimos mais de meio bilhão de euros alugando ou comprando mais de um milhão de quilômetros de fibra terrestre.

Também temos investido para construir e implantar uma Rede de Entrega de Conteúdo (Content Delivery Network – CDN, em Inglês), incluindo uma extensa rede de fibra europeia, permitindo que mais de 99% do conteúdo solicitado pelo usuário seja entregue com mais eficiência. Não cobramos das operadoras de telecomunicações por isso. Nossa paixão pela eficiência da rede e pela manutenção do conteúdo local também é incorporada por meio de nossa parceria inovadora com a Internet Society para desenvolver novos Internet Exchanges (IXPs, em Inglês) em países como a Colômbia e a República Democrática do Congo.

As redes fixas serão determinantes para a adoção do metaverso no curto prazo

Da educação ao treinamento médico e à construção, milhões de pessoas já estão usando tecnologias imersivas. Este número inevitavelmente crescerá. Sabemos que algumas operadoras de telecomunicações europeias justificaram as propostas de taxas de rede especulando sobre as restrições de capacidade causadas pela adoção do metaverso – mas isso não faz sentido. O desenvolvimento do metaverso não exigirá que as operadoras de telecomunicações aumentem os gastos de capital para um maior investimento na rede.

Isso ocorre porque a adoção do metaverso no futuro próximo continuará a ser impulsionada predominantemente pela Realidade Virtual (Virtual Reality – VR, em Inglês). Atualmente, quase todo o conteúdo de VR é consumido em redes fixas via Wi-Fi. Esaas redes fixas já estão estabelecidas na maior parte da Europa e transportam quase 20 vezes o tráfego das redes móveis. Sabemos pelos nossos próprios dados que mais de três quartos do tráfego da Meta na Europa é entregue através de redes fixas.

Na verdade, a Europa deve ser elogiada por seu progresso na instalação de fibra até a casa/prédio (FTTH/B, em InglYês) que, dada a sua vida útil de mais de 30 anos, é uma pedra angular da tecnologia de acesso e um investimento feito “uma vez a cada geração”. Mais de 60% dos europeus agora desfrutam de cobertura FTTH/B. As implantações estão a caminho de atingir a meta da Comissão da União Europeia de cobertura total de residências com uma rede gigabit até 2030. Grandes mercados como Espanha (89%) e França (63%) investiram cedo para aumentar a capacidade, com a Orange relatando uma queda em 2022 nas despesas de capital citando ‘implantação em estágio avançado’.

Olhando para o futuro, a capacidade de rede fixa da Europa, com implantações de FTTH/B facilmente atualizáveis, é mais do que suficiente para suprir a demanda pelo metaverso e outros serviços de Internet nas próximas décadas. As implementações iniciais de FTTH/B baseadas em GPON (Rede Óptica Passiva de conexão em Gigabits) já suportam velocidades de 2,4 gigabits por segundo. Isso pode ser atualizado hoje para velocidades simétricas de 10 gigabits por segundo com equipamentos XGS-PON disponíveis e o trabalho já está progredindo em atualizações adicionais para velocidades de 25 e 50 gigabits por segundo – tudo na mesma fibra subjacente.

Para os consumidores europeus, a prioridade é garantir que as redes fixas que transportam a grande maioria dos dados tenham as capacidades técnicas para capitalizar na Internet de amanhã – e a boa notícia é que o roteiro de investimento existente na indústria já está no caminho certo para permitir aos consumidores domésticos velocidades de conexão dezenas de vezes maiores que as atuais. Combinado com melhorias esperadas na latência por meio do crescimento contínuo em data centers de ponta, a rede da Europa tem potencial mais do que suficiente para atender à demanda pelo metaverso e outros serviços de Internet nas próximas décadas.

Dispositivos de Realidade Aumentada não criarão limitações de capacidade

Os mundos imersivos que podemos descobrir com VR são apenas uma das formas de experienciar o metaverso. Dispositivos de VR, que sobrepõem conteúdo digital ao mundo real em um pequeno fator, serão uma outra importante parte do metaverso no futuro.

Como falamos em dezembro, nossa visão para a criação de verdadeiros óculos de AR requer anos de progresso para tornar nossos dispositivos mais finos, mais leves, mais rápidos e mais poderosos, tudo isso consumindo menos bateria e aquecendo menos. Os dispositivos precisam entender o mundo e as expressões do usuário para efetivamente sobrepor pixels sobre a realidade para oferecer uma experiência verdadeiramente transformadora.

Nossos engenheiros são alguns dos melhores do mundo, e continuamos na vanguarda para que nossa visão de AR ganhe vida. Este é um dos mais ambiciosos esforços de pesquisa e desenvolvimento no mundo hoje, focado em construir um novo tipo de plataforma de computação verdadeiramente revolucionária. No entanto, para superar os desafios, levará anos para que dispositivos de AR se tornem onipresentes. 

Óculos de AR serão dispositivos em movimento, como os celulares. Mas, assim como você usa seu celular em locais com Wi-Fi, como casa ou trabalho, esperamos que a maior parte do uso de AR se dê por Wi-Fi fixa. Isso reforça as justificativas para que a banda 6GHz seja adotada como não licenciada para apoiar o esperado crescimento do Wi-Fi.

Claro, dispositivos de AR também usarão redes móveis no futuro. Contudo, evidências não sugerem que haverá restrições de capacidade de rede móvel resultantes do uso de AR. Isso se deve principalmente ao 5G, que deve ser 2,5 vezes mais eficiente que o 4G. Esperamos que a velocidade requerida para aplicativos de AR seja menos que dois dígitos de megabites por segundo – enquanto o 5G pode suportar até um gigabit por segundo em implantações de bandas baixas (<1 GHz) e médias (1.7-4.7 GHz). Por isso, não esperamos que dispositivos de AR resultem no crescimento de tráfego que levaria a grandes mudanças na arquitetura física e capilaridade das redes móveis. 

Os custos das redes 5G têm se mostrado muito menores do que o previsto. Com melhorias de rádio Massive MIMO, operadoras de telecomunicações têm visto implantações de banda média (3.5GHz) atingir propagações similares às redes 4G de 2.1GHz, resultando em uma drástica redução de custos a partir do reuso de sites passivos existentes e ativos da rede de transporte.

A boa notícia é que a cobertura de 5G na Europa cresceu drasticamente, com quase três-quartos da população dos países da UE27 agora tendo acesso ao 5G. Claro que ainda há muito trabalho a ser feito, mas a meta europeia de 100% de cobertura deve ser atingida até 2030. Essa infraestrutura 5G permitirá que o metaverso, a tempo, entregue experiências móveis de AR com valor real para a sociedade, sem qualquer evidência de que seja necessário investimento adicional para isso.  

Colaboração é a chave para desbloquear o potencial do metaverso

No decorrer das últimas décadas, a economia digital ajudou a conduzir o crescimento econômico e a construir comunidades de maneira jamais imaginada. Uma das razões para isso é o crescimento da Internet como uma infraestrutura aberta, com organizações colaborando para destravar oportunidades. Operadoras de CAPs  e telecomunicações têm colaborado com sucesso por muitos anos, como durante a pandemia de Covid-19 quando as organizações uniram esforços para manter as pessoas conectadas. E vamos continuar trabalhando com parceiros globalmente e na Europa para melhorar a experiência dos usuários, aumentar a eficiência da rede e trazer experiências imersivas à vida. 

Mas parcerias requerem um diagnóstico honesto de oportunidades e desafios que enfrentaremos pelo caminho. Devido às razões mencionadas, simplesmente não há evidências para apoiar que exista uma barreira de capacidade no metaverso – por isso, estamos somando nossa voz ao coro de organizações acerca de preocupações com propostas de taxas de rede (incluindo sociedade civil, acadêmicos, representantes da indústria e especialistas de regulação). Como observado anteriormente, reconhecemos os desafios que algumas operadoras europeias de telecomunicações enfrentam, mas impor uma taxa arbitrária sobre companhias que trazem investimentos e inovação ao ecossistema digital não é uma solução sustentável.