Por Elliot Schrage, Vice-presidente de Políticas Públicas e Comunicação, e David Ginsberg, Diretor de Pesquisa
Hoje, o Facebook está anunciando uma nova iniciativa para ajudar a fornecer pesquisas independentes e confiáveis sobre o papel das mídias sociais nas eleições, assim como na democracia em geral. A iniciativa será financiada pela Fundação John e Laura Arnold, pelo Democracy Fund, pela Fundação William e Flora Hewlett, pela Fundação John S. e James L. Knight, pela Fundação Charles Koch, pela Rede Omidyar e pela Fundação Alfred P. Sloan.
No centro desta iniciativa estará uma comissão de acadêmicos que irá:
- Definir a agenda de pesquisa;
- Solicitar propostas de pesquisa independente sobre diversos tópicos; e
- Gerenciar um processo de revisão por pares para selecionar acadêmicos que receberão financiamento para suas pesquisas, bem como acesso a conjuntos de dados privados protegidos do Facebook, os quais eles poderão analisar.
O Facebook não terá qualquer direito de revisar ou aprovar suas descobertas de pesquisa antes de sua publicação.
Estamos animados com essa iniciativa por dois motivos importantes.
Primeiro, achamos que é um novo modelo importante para parcerias entre a indústria e a academia. Segundo, os últimos dois anos nos ensinaram que as mesmas ferramentas do Facebook que ajudam os políticos a se conectarem com seus eleitores – e diferentes comunidades a debaterem sobre questões com as quais se importam – também podem ser usadas para manipular e enganar.
Nós tivemos progressos reais desde o Brexit e a eleição presidencial dos EUA em 2016, combatendo notícias falsas, bem como impedindo interferências estrangeiras em eleições na França, Alemanha, Alabama e Itália. Mas há muito mais a fazer – e não temos todas as respostas. Essa iniciativa permitirá que o Facebook aprenda com os conselhos e análises de especialistas externos, de modo que poderemos tomar decisões melhores – e progredir mais rápido.
Em consulta com as fundações que financiam a iniciativa, o Facebook convidará respeitados especialistas acadêmicos para formar um comitê que desenvolverá uma agenda de pesquisa sobre o impacto das mídias sociais na sociedade – a começar pelas eleições. O foco será totalmente voltado para o futuro. E nossos objetivos são entender o impacto do Facebook nas próximas eleições – como no Brasil, na Índia, no México e nas eleições intermediárias dos EUA – e informar nossas futuras decisões sobre produtos e políticas. O mandato inicial do comitê será de um ano e os membros serão definidos nas próximas semanas. Estamos ansiosos para ter uma ampla gama de especialistas – com diferentes perspectivas políticas, conhecimentos e experiências de vida, gêneros, etnias e de diversos países.
O comitê exercerá seu mandato de várias maneiras:
Priorização da agenda de pesquisa. As pesquisas patrocinadas por esse esforço devem servir para ajudar as pessoas a entenderem melhor o impacto das redes sociais na democracia – e para ajudar o Facebook a garantir que tenha os sistemas certos. Por exemplo, nosso planejamento de produtos garantirá que possamos combater efetivamente a disseminação de informações falsas e interferência estrangeira? Tópicos específicos podem incluir desinformação; conteúdo polarizado; promoção da liberdade de expressão e associação; proteção das eleições nacionais contra interferências estrangeiras; e engajamento cívico. Os membros do comitê aprenderão sobre os esforços internos do Facebook relacionados às eleições e fornecerão sugestões da comunidade acadêmica para determinar as questões mais importantes de pesquisa ainda não respondidas. Eles também começarão a trabalhar com especialistas internacionais para desenvolver pesquisas avaliando o impacto do Facebook nas próximas eleições – com o objetivo de identificar e mitigar possíveis efeitos negativos em tempo real.
Solicitação de pesquisa independente. Enquanto o comitê identifica áreas para avaliar a eficácia do Facebook, ele trabalhará com o Facebook para desenvolver solicitações de projetos de pesquisa. De acordo com protocolos acadêmicos padrão, as propostas estarão sujeitas a uma rigorosa revisão por pares. O processo de revisão por pares será gerenciado pelo Conselho de Pesquisa em Ciências Sociais, o Social Science Research Council, que está bem posicionado para explorar a rede global de especialistas em temas como ética e privacidade. Com base na contribuição do processo de revisão por pares, o comitê selecionará independentemente os beneficiários que receberão fundos das fundações de apoio e, quando apropriado, os dados privados protegidos do Facebook.
Fornecendo acesso a informações enquanto protegemos a privacidade. Uma vez que o comitê identificar as questões mais importantes, nós estamos comprometidos em ajudar os beneficiários a obter os dados corretos para respondê-las. Às vezes, esses conjuntos de dados vêm do Facebook e, às vezes, vêm de outras fontes, como pesquisas ou groups focais.
O fundamental para todo esse nosso esforço é garantir que as informações das pessoas estejam seguras e se mantenham privadas. O Facebook e os nossos parceiros de financiamento reconhecem a ameaça apresentada pelo uso indevido de dados do Facebook, incluindo por um acadêmico associado à Cambridge Analytica. Ao mesmo tempo, acreditamos firmemente que o interesse público é melhor atendido quando pesquisadores independentes têm acesso a informações. E acreditamos que podemos atingir esse objetivo enquanto garantimos que a privacidade seja preservada e que as informações se mantenham em segurança.
Qualquer proposta submetida através deste processo deve ter sido revisada primeiro por um Institutional Review Board (IRB) universitário, ou um equivalente internacional. E quando os dados do Facebook são solicitados, as propostas estarão sujeitas a revisão adicional pelas equipes de privacidade e de revisão de pesquisa do Facebook – bem como por especialistas externos em privacidade identificados pelo comitê. Essas revisões ajudarão a garantir que o Facebook atue de acordo com suas obrigações éticas e legais com as pessoas que usam nossos serviços, e com a integridade acadêmica e ética do processo de pesquisa.
O Facebook está construindo uma equipe dedicada para trabalhar com o comitê e pesquisadores acadêmicos para desenvolver os conjuntos de dados aprovados e com proteção de privacidade que serão mantidos exclusivamente na rede global de servidores seguros do Facebook e sujeitos a auditoria contínua. O comitê supervisionará a publicação, garantindo que apenas os resultados agregados e anonimizados sejam relatados. Também será desenvolvido um processo para solicitar acesso a dados para fins de replicação.
Relatórios independentes e transparentes
Nós e as fundações que financiam esse projeto estamos comprometidos com a transparência em torno da lógica para a estrutura e adesão ao comitê. Uma vez estabelecido, o comitê terá autoridade para reportar regularmente suas atividades e as do Facebook. Isso incluirá os critérios de tomada de decisão que norteiam tanto a agenda de pesquisa quanto a seleção acadêmica. As pesquisas desenvolvidas a partir dessa iniciativa serão públicas, e o Facebook não irá aprova-las antes da publicação.
O Facebook desempenha um papel importante nas eleições ao redor do mundo – ajudando as pessoas a se conectarem e discutirem as questões importantes do dia. Nós demoramos a detectar interferências estrangeiras nas eleições presidenciais dos EUA em 2016, bem como problemas com contas e notícias falsas. Nossas equipes fizeram um bom progresso desde então. Ao trabalhar com a comunidade acadêmica, nós podemos ajudar as pessoas e compreenderem melhor o amplo impacto das redes sociais na democracia – bem como melhorar nosso trabalho para proteger a integridade das eleições.
Gary King, da Universidade de Harvard, e Nate Persily, da Stanford Law School, foram fundamentais no desenvolvimento desse modelo inovador de colaboração acadêmica. Você pode ler mais sobre esse modelo [aqui].